Os periódicos, mais acessíveis que os livros, foram grandes impulsionadores da literatura, atingindo um público maior e de maneira mais rápida e barata.
As publicações na imprensa possibilitaram a Machado de Assis testar e experimentar a reação dos leitores a seus textos, que sempre sofriam modificações antes de ganharem o formato mais perene do livro.
Textos recolhidos por Machado de Assis
Machado de Assis selecionou diversos de seus textos publicados em jornais e revistas para compor seus livros.
Na poesia, um caso emblemático é o do poema “Aspiração”, publicado em 1862 no periódico O Futuro e recolhido em Crisálidas (1864), mas descartado das Poesias completas (1901).
Muitos romances e contos também foram publicados em periódicos e revistas antes de chegarem ao formato do livro. É o caso de Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado entre 15 de março e 15 de dezembro de 1880, aos pedaços, na Revista Brasileira, antes de ganhar a primeira edição em livro, em 1881.
Um de seus contos mais conhecidos, “O alienista”, também figurou nas páginas de A Estação entre 15 de outubro de 1881 e 31 de março de 1882, aparecendo em seguida no volume Papéis avulsos, de 1882.
Recolhas póstumas
Muitos dos contos, poemas e ensaios escritos por Machado de Assis não foram recolhidos por ele em livro e ficaram por muito tempo “adormecidos” nas páginas de jornais e revistas. Foi o trabalho posterior de estudiosos e pesquisadores que possibilitou e vem possibilitando a recuperação e publicação desses textos em livros.
Entre os contos, há exemplos como “Trina e una”, publicado na revista A Estação, em 1884, e só recolhido em livro na década de 1950 por Raimundo Magalhães Júnior. Há também o caso da novela “Casa velha”, que também saiu em A Estação na década de 1880 e só ganhou o formato de livro na edição organizada e publicada por Lúcia Miguel Pereira em 1944.
Alguns textos de Machado que tiveram notoriedade na imprensa também foram retomados em livro. É o caso de “O visconde de Castilho”, publicado originalmente no periódico Semana Ilustrada em 4 de julho de 1875, e “Hino patriótico”, também publicado na Semana Ilustrada, em 18 de janeiro de 1863, recolhidos por José Galante de Sousa na coletânea Poesia e prosa (1957).
Entre os textos críticos, destaca-se o ensaio “Notícia da atual literatura brasileira – Instinto de nacionalidade”, que trata dos limites do romantismo nacionalista e da relação entre localismo e universalismo na literatura brasileira. O texto saiu pela primeira vez em 1873 na revista O Novo Mundo, publicada em Nova York, e só foi recolhido postumamente em livro no volume Crítica (1910), organizado por Mário de Alencar, filho de José de Alencar e grande amigo de Machado de Assis nos seus últimos anos de vida.